..............................................................A vida é TESÃO!....................................................................






segunda-feira, 22 de agosto de 2011

O show pirofágico.


   A Serva entregara a cabeça na bandeja de prata, em jantar exuberante na Senzala Amarela. Só para refrescar a sua memória, raro Sr. Leitor, pois a memória da Serva está há 5 minutos. Calma! Tudo será dito em digressões.

    Sobrara o corpo-encosto-mal-tratado-e-espancado. Em tal estado, e sem cabeça, fora levado à UTI na tentativa de recuperá-lo. O que é cruel, pois a ajuda médica é para que “ retome rápido o mínimo de funcionamento da máquina-corpo e volte imediatamente ao trabalho”. Assim bradou a Sra Cara de Cavalo.

     Vocês precisavam ver o estado: o fígado lhe fora retirado; o intestino e as víceras, agonizando; o estômago sufocado. e o pulmão quase explodindo de tanto sugar o extintor... Enfim o cheiro do corpo estava quase-insuportável. Então eu decidi desligar os aparelhos em letra maiúscula: EUTANASIA.

    Puxei os fios, que pareciam raízes às máquinas de respiração falsa, de circulação  forjada, e aos bloques e alfaias que simulavam batimentos cardíacos num maracatu mal tocado e descompassado - isso era demais!

    Argh! Fiz uma força de arregaçar-o-cú-da-pomba, e num átimo de segundo tudo estrondou. Preste atenção raro Sr. Leitor, pois foi tudo sincronicamente perfeito, devido a meu avançado grau de atrapalhação:
1- Os Fios desencaparam enquanto 2- O Soro inflamável estourou da bolsa, 3-caindo sofre as faíscas enferrujadas. Bum: combustããããããoooooOO.
“Fogo, fogo!” Parecia um circo.
4- A cânula do extintor estourou. Aí, meu Deus eu rezei para que o pó branco não interropense a minha estratégia. Tinha que dar certo, agora, pois ouvia a voz de Sra Cara de Cavalo aproximando-se.... Isso, bem que desconfiei: o extintor era de parafina, soprando fogo para o quarto inteiro. Goooollll.
    Tudo (maca, corpo-encosto-mal-tratado-e-espancado, lençol, avisos no quadro das enfermerias, paredes e aparelhos) pareciam papel em chamas.

    The end magnífico. Economizei o dinheiro do caixão, assim me sobra uma cachaça. Foi uma espetacular e virtuosa cremação! A Serva fora honrada num show pirofágico, por todo serviço prestado, e por sua anulidade, não falsidade, ideológica.

Aqui jaz Serva.
Aqui jazz para acompanhar a cachaça.
                                                                                                  Acompanhe

terça-feira, 9 de agosto de 2011

Suicídio doloso!

Com o coração cheio de certezas e a cabeça fleumática, à velocidade da luz: Parti!

Obstinada. Amiga de Matilde, mirei no chapéu e acertei o cérebro do diabo.
Não olhei para trás, porque o único sangue existente ali, estava nos meus olhos furiosos.
Furei o espaço e o tempo no possante do Sr Bigodon, e fui ao extremo norte.
Queria dizer poesia, metaforizar o significado das coisas, brincar sinestesicamente com palavras e significados. Significado vem de história, processo. O significado das coisas é a história que elas carregam.
E a minha história ali, bicho, não foi uma poesia. Foi um épico massacre!

Meu significado hoje talvez seja um sentimentalismo nostálgico: a perda de uma serva que labutou tão dedicada, crente e obedientemente de cabeça baixa, oferecendo-lhes habilidades servis além do estipulado pelos senhores feudais.
Mas agora não sirvo mais, pois o circo é de variedades e não de aberrações e horrores. E todo aquele que não age conforme o grande costume é, assim deve estar no dicionário de Matilde, uma aberração.

Entretanto mesmo massacrada e com o corpo falecendo, devia implorar para que fosse alforriada.
Devia chorar, esbravejar, soluçar, indignar para receber algumas batatas para comer de agora em diante....
Mas meu corpo insensível, insoso, inertemente paralítico e falecendo me indicou uma interpretação mais stanislawiskiana. Com um olhar mais frio, de cinema eu. Nunca me identifiquei assim ! Mas é nos extremos que eu me rasgo mais!!!

Maliciosamente observando o Sr Cumpridão querendo falar de olhar para as transformações nas relações humanas, fui furando furiosa e quieta os caminhos que levavam a Senhora Feudal às suas estratégias cosmogônicas de desvio da realidade do fato que lhe é apontado na sua cara de cavalo.

Entreguei-lhe a bandeja com a minha cabeça, o corpo curvado, sem esforço. Ela tocou a língua e levou o dedo à boca baforenta, parou para criar a estratégia rápida e disse:
- O que acha de um pouquinho mais de sal? Deixar curtir mais?
Sorri amarela e docemente, com a cara irônica e sádica que aprendi em todos esses cursos não acadêmicos que fizera ali, na fazenda, e respondi:
- É prá já. Disponha.
E parti, num parto apertado!